Forte de Coimbra: O Colégio Ricardo Franco.


Por Luiz Eduardo Silva Parreira

Vila de Forte de Coimbra em 1984. Do lado esquerdo da fotografia, o Colégio Ricardo Franco.
Arquivo pessoal de Luiz Eduardo Silva Parreira.

Em toda sua história o Brasil incentivou a ocupação de sua faixa de fronteira. Na década de 30 do século XX esse esforço ganhou um reforço importante com a publicação de diversas normas federais que versavam sobre esse objetivo. No caso do Forte de Coimbra, é o Decreto-Lei 1.611, de 20 de setembro de 1939. A União realmente queria dar condições para que unidades de fronteira das forças armadas servissem de núcleo para o nascimento de cidades.


Nos início do anos 70 o então comandante do Forte de Coimbra, Major Walkir Serrano Andrade, com este mind set como parte de seu comando, se deparou com um problema quanto à educação dos filhos dos moradores da vila do Forte de Coimbra. Desde 1937 só havia ali uma escola de ensino fundamental, a Escola Ludovina Portocarrero, fundada pelo Primeiro-Tenente de Artilharia Hermes Guimarães, que mais tarde viria comandar o Forte de Coimbra, de 17/01/1938 a 06/06/1938. Mas para o ensino médio, nada havia e os filhos dos moradores tinham de sair da vila do Forte de Coimbra para continuar seus estudos em Corumbá ou Porto Murtinho ou deixavam de estudar. Vislumbrou também. o Maj. Serrano, que os militares que ali fossem servir e não tinham completado seus estudos, poderiam usufruir dessa escola.


Durante seu comando, o Major Serrano também mandou construir o Camalotão, o clube recreativo que existiu na vila do Forte de Coimbra (leia aqui).


Com recursos próprios da unidade, a então Primeira Bateria do Sexto Grupo de Artilharia de Costa e Forte de Coimbra (1º /6º  GACos e FC), foi construído o colégio de primeiro e, posteriormente, primeiro e segundo graus (hoje ensino médio) Ricardo Franco, levantado às margens do Rio Paraguai.

Colégio Ricardo Franco.
Arquivo pessoal de Luiz Eduardo Silva Parreira.

Alunos do Colégio Ricardo Franco e Ludovina Portocarrero, após o hasteamento do Pavilhão Nacional, cantam o Hino Nacional sob a regência do Sgt. José Lourenço Parreira.
Arquivo pessoal de Luiz Eduardo Silva Parreira.

Durante mais de uma década, o Colégio Ricardo Franco serviu à população do Forte de Coimbra e os recrutas que lá serviram, sendo palco de eventos cívicos, culturais, educacionais e esportivos. Possuía salas de aula, secretaria, quadra de esportes e laboratório. Os militares do Forte e alguns civis eram seus professores.

Alunos do Colégio Ricardo Franco com a fotografia do heroi de 1801, Ricardo Franco de Almeida Serra. Foto tirada em 24 de setembro, "DIA DA CONSOLIDAÇÃO DO OESTE BRASILEIRO". Os alunos desfilam em homenagem à grande data, orientados pelo Sgt. Hiroomi Yano.
Arquivo pessoal de Luiz Eduardo Silva Parreira.

Militares do Forte de Coimbra em atividade na vila. Ao fundo, o Colégio Ricardo Franco.
Arquivo pessoal de Luiz Eduardo Silva Parreira.

Mas nem tudo são flores. Em razão das cheias anuais do Rio Paraguai, cada vez mais altas, o prédio do Colégio começou a ser invadido pelas águas do rio, época que as aulas eram ministradas nas dependências do Forte Histórico!

Fotografia mostrando ma das cheias do Rio Paraguai, no qual se vê o Camalotão e o Colégio Ricardo Franco inundados.
Arquivo pessoal de Luiz Eduardo Silva Parreira.

Com o tempo as estruturas não suportaram as constantes enchentes e o Colégio ruiu, em meados dos anos 80. Durante alguns anos, o Colégio funcionou nas dependências do Forte. No comando do Major Aires Barros Olivo (31/01/1980 a 05/02/1982), por exemplo, as aulas foram ministradas no Forte Histórico.


Vista do Forte de Coimbra a partir do pátio do Colégio Ricardo Franco. Casais que fizeram a orientação para a Vivência sacramental (OVISA) sob orientação do Revmo. Padre João Falco e palestrantes vindos de Corumbá.
Arquivo pessoal de Luiz Eduardo Silva Parreira.

Hoje no local onde ficava o Colégio Ricardo Franco não existe vestígio algum do prédio. A única lembrança - além da memória dos moradores mais antigos - é a quadra de esportes, que ficava ao lado do colégio. 


Cerimônia cívico-militar no Forte de Coimbra. Dia da Consolidação do Oeste Brasileiro, 24 de setembro. Na base do mastro vê-se o recipiente com o fogo simbólico que era apagado pelo Sr. Olívio Cabrera Soares, um guaicuru, servidor civil da OM.
Arquivo pessoal de Luiz Eduardo Silva Parreira.


Major Serrano dentro do Colégio Ricardo Franco.
Acervo pessoal de Regina Stella.

Major Serrano em frente ao portão de entrada do Colégio Ricardo Franco. À sua direita, o Sgt. Hiroomi Yano, amigo e entusiasta de seu Comandante.
Acervo pessoal de Regina Stella.

Major Serrano na quadra de esportes do Colégio Ricardo Franco, com o colégio ao fundo.
Acervo pessoal de Regina Stella.
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Caro leitor, Caso tenhas alguma foto ou história sobre o Forte de Coimbra. Ou então reconheça alguém numa fotografia, por favor, compartilhe conosco! Nos escreva e cite este update para que possamos manter viva a história contemporânea do Forte de Coimbra. Envie para silvaparreira@gmail.com.
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