EApFlu Leverger, o navio esquecido da Flotilha do Mato Grosso

Por Luiz Eduardo Silva Parreira

O então U-20 Leverger, ancorado
perto do Forte de Coimbra (1984)
Ladário, cidade do Mato Grosso do Sul, vizinha de Corumbá, é a casa da Flotilha do Mato Grosso. Vez por outra, as revistas especializadas publicam informações desse braço da marinha pouco conhecido: aquela que navega por rios ou brown navy.

Nessas publicações, destacam-se as organizações militares do 6º Distrito Naval e, claro, fotos dos navios que a Marinha mantém lá.

O mais famoso deles é o Monitor Parnaíba, o mais antigo navio em serviço na MB. Sua história é incrível e realmente digna de relato.

Monitor U17 Parnaíba.
Fonte: site Poder Naval
Mas há um navio - que não sei o porquê - NUNCA aparece nas reportagens. É a Embarcação de Apoio Fluvial (EApFlu) Leverger U-20, que bem poderia ser rebatizado de O Fantasma de Ladário ;-)

EApFlu Leverger já como apoio fluvial GrEPD-01
Fonte: Marinha do Brasil
Segundo a Marinha, o Leverger-GrEPD-01 foi a primeira embarcação a ostentar esse nome em homenagem ao Chefe-de-Esquadra Augusto João Manuel Leverger, Barão de Melgaço. Foi construída na Base Fluvial de Ladário, tendo seu batimento de quilha ocorrido em 07 de julho de 1945, ficando subordinada àquela base até 09 de setembro de 1987, quando era então o Rebocador "Antonio João". Atualmente esta subordinada ao Grupo de Embarcações de Patrulha e Desembarque.

O Leverger e o Pirajá P-11.
Fonte: Marinha do Brasil
A transferência de subordinação da embarcação ocorreu devido a ela ser empregada diversamente, desde a década de sessenta, em Operações Ribeirinhas, como embarcação de transporte e apoio do "Figurativo Inimigo" (ou seja, além de não aparecer em lugar nenhum; quando aparece, é o inimigo, é mole?!).

Atualmente continua sendo bastante utilizada para esta aplicação, em proveito do adestramento dos navios subordinados ao Comando da Flotilha de Mato Grosso, devido a Embarcação de Apoio Fluvial Leverger possuir características como pequeno calado e desenvolver boa velocidade, que contribuem para seu emprego em Operações Ribeirinhas.

De acordo com os pesquisadores do Navios de Guerra Brasileiros, no período de 16 a 31 de janeiro de 1995, realizou, junto com o NTrFlu Paraguassú - G-15, comissão de ACISO nas proximidades das cidades de Barão de Melgaço e Santo Antonio de Leverger, às margens do Rio Cuiabá, no Mato Grosso. Em Santo Antonio do Leverger, os navios foram visitados pelo Governador do Estado, Dante Martins de Oliveira.

O Leverger U-20 e o Potí P-15, no Rio Paraguai.
Fonte: Marinha do Brasil
Entre 13 e 21 de setembro de 1997, participou da Operação RIBEIREX-PANTANAL-II/97, realizada na região de Forte de Coimbra. Esse operação, contou com a participação do NTrFlu Paraguassú - G-15, AvTrFlu Piraim - U-29, NPa Pirajá - P-11, NT Potengi - G-17 e EApFlu Leverger - U-20, GptFNLa, helicópteros dos Esquadrões HU-1, HU-2 e HU-4, de um destacamento do GruMEC, elementos do 2º Btl FN "Humaitá", destacamento do BtlOpEs "Tonelero", um destacamento da Cia. de Comunicações e aeronaves AT-27 Tucano da FAB.

O U-20 diante do bicentenário Forte de Coimbra.
Fonte: Marinha do Brasil
Entre 13 e 22 de outubro do mesmo ano, participou da Operação CONJUNTEX-II/97, realizada na região do Fecho dos Morros, no Rio Paraguai, envolvendo também o AvTrFlu Piraim - U29, e meios do Grupamento de Fuzileiros Navais e do Exercito Brasileiro.

Flotilha do mato Grosso
Fonte: marinha do Brasil via Poder Naval
Em 2011, a Marinha do Brasil participou da Operação Ágata 3, de 22 de novembro a 7 de dezembro. A operação contou, também, com a participação das demais Forças Armadas distribuídas nas fronteiras Norte e Centro-Oeste do Brasil. Com 1400 militares de um efetivo de quase 7 mil homens das Forças Armadas, a Marinha do Brasil atuou na realização de Patrulhas e Inspeções Navais e no controle das calhas fluviais, com o apoio de outros órgãos federais e estaduais. O propósito principal da Operação foi reduzir as ações do crime organizado e, consequentemente, os índices de criminalidade na faixa de fronteira. Além disso, foi intensificada a presença das Forças Armadas na região e incrementado o apoio à população local. 


Um pouco da Flotilha do Mato Grosso


Na Operação Ágata 3, foram abordadas pela Marinha do Brasil 1329 embarcações, sendo apreendidas 7 e notificadas 28. Cerca de 24.280 quilômetros de hidrovias foram navegadas pelos meios navais empregados. A Marinha empregou na Operação navios, helicópteros, tropas de fuzileiros navais e diversas embarcações. Dentre os meios empregados, destacam-se: o Monitor Parnaíba; o Navio Transporte Fluvial Paraguassu; os Navios-Patrulha Penedo, Piratini, Poti e Pirajá; o Aviso de Transporte Fluvial Piraim; o Navio de Apoio Logístico Fluvial Potengí; o Navio Patrulha Amapá; a Embarcação de Apoio Fluvial Leverger, Lanchas de Apoio ao Ensino, Lanchas Patrulha e botes. 


Um Helicóptero IH-6B “Bell Jet Ranger” foi utilizado em ações de fiscalização de embarcações, em cerca de 2,5 mil quilômetros de rios. Neste período, a Marinha utilizou, ainda, os Navios de Assistência Hospitalar “Doutor Montenegro” e “Tenente Maximiano”, em Ações Cívico-Sociais direcionadas às populações carentes de diversas localidades, disponibilizando atendimento médico e odontológico, distribuindo medicamentos gratuitamente e aplicando vacinas
.
    
Dados da embarcação:


D a t a s 
Batimento de Quilha: 07/07/1945
Lançamento:
 15/08/46
Incorporação:
 11/06/49 

 
C a r a c t e r í s t i c a s 
Deslocamento: 80 ton.
Dimensões:
 22,97 m de comprimento, 5,05 m de boca e 1,65 m de calado.
Propulsão:
 01 motor diesel Scania.
 
Eletricidade: 
01 motor diesel-gerador MWM
 
Velocidade:
 13 Km/h subindo o rio e 19 Km/h descendo o rio 
Raio de Ação:
 1900 Km
Armamento:
 xxx.
Sensores:
 MARINE RADAR FURUNO MOD 1621 MK 2 e 100 SX SINGLE BEAM HQMMINBIRD/200 KHZ
Código Internacional de Chamada:
 xxx
Tripulação:
 01 
oficial e 11 praças

Relação de Encarregados
 09/09/1987 à 11/12/1987 - Capitão-Tenente Raimundo Nascimento de Souza 
 11/12/1987 à 24/03/1988 - Capitão-de-Corveta Enílson Vilela de Albuquerque 
 24/03/1988 à 30/03/1989 - Capitão-Tenente César Augusto Macedo Fernandes Más 
 30/03/1989 à 10/04/1990 - Capitão-Tenente Marcus Vinícius Guerra 
 10/04/1990 à 18/04/1991 - Capitão-Tenente Márcio Ferreira de Mello 
 18/04/1991 à 05/07/1991 - Capitão-Tenente Paulo Roberto Ramalho 
 05/07/1991 à 11/01/1993 - Capitão-Tenente Geraldo Cesar Nunes Gontijo 
 11/01/1993 à 16/12/1994 - Capitão-Tenente Cesar Cajueiro Pimenta 
 16/12/1994 à 22/03/1995 - Primeiro-Tenente Renato da Silva Baião 
 22/03/1995 à 29/01/1996 - Capitão-Tenente Ludley de Almeida Junior 
 29/01/1996 à 06/02/1997 - Capitão-Tenente Celso Luiz Gonçales da Costa 
 06/02/1997 à 14/02/2000 - Capitão-Tenente  Geraldo Luiz Camara 
 14/02/2000 à 31/01/2002 - Capitão-Tenente  Carlos Alexandre Basílio Xavier de Souza 
 31/01/2002 à 30/01/2004 - Capitão-Tenente Marcelo Baptista Santos 
 30/01/2004 à 08/06/2005 - Capitão-Tenente  Pierre Paulo de Cunha Castro 
 08/06/2005 à 02/04/2007 - Capitão-Tenente Luciano Eni da Silva 
 02/04/2007 à 02/04/2009 - Capitão-Tenente Marco Aurélio de Castro Farias 
 
 02/04/2009 (atual)           - Capitão-Tenente Alexander Thomaz Arruda


Agradecimentos ao Contra-Almirante Savio e Capitão-Tenente Thomaz, pelos dados e fotos desse navio tão pouco divulgado.

... Mas ai, em 2014, esse pequeno naviozinho perdeu até o nome. A Marinha do Brasil incorporou o Navio de Transporte Fluvial Almirante Leverger (G-16). Sim, Leverger! O Almirante Leverger é o ex-Navio “ALBATROZ”. E o outro, que nome tem agora? Nenhum, passou a ser apenas o apoio fluvial GREPD-01. Voltou outra vez aos bastidores. Nem o código restou, pois a designação U-20 passou a ser do Navio-Veleiro Cisne Branco.


O NTrFlu Almirante Leverger G-16, no cortejo fluvial na festa de
Nossa Senhora do Carmo do Forte de Coimbra.


Características do navio: 
– Comprimento total: 44m 
– Boca: 10m – Calado moldado de projeto: 1,10m 
– Deslocamento leve: 231,9 ton 
– Deslocamento carregado: 285,9 ton 
– Raio de ação: 1800 milhas náuticas 
– Velocidade de serviço: 12 km/h 
– Autonomia: 30 dias de operação
– Capacidade de operar com aeronave de asa rotativa 


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