Forte de Coimbra: 150 anos do ataque paraguaio (26, 27 e 28 de dezembro de 1864).
Por Luiz Eduardo Silva Parreira e José Lourenço Parreira.
Na quente manhã de 27 de dezembro 1864, o clima de Natal é bruscamente quebrado no Forte de Coimbra, quando o Tenente-Coronel Hermenegildo Portocarrero, que ali se encontrava em visita de inspeção, recebeu do emissário de Vicente Barrios, comandante da força invasora paraguaia, o ultimato de que se os ocupantes do Forte de Coimbra o deixassem sem resistência, ele não os perseguiria. Caso resistissem, suas vidas estariam sob as “leis do acaso”.
As sentinelas do Forte de Coimbra avistam as fumaças dos navios paraguaios se aproximando. Montagem: Luiz Eduardo Silva Parreira. |
Emissários de Vicente Barrios, comandante da força de invasão paraguaia, chegam ao Forte de Coimbra, para entregar o ultimato de desocupação. Montagem: Luiz Eduardo Silva Parreira. |
As letras da mensagem guarani eram suportadas por dez navios de guerra e cerca de 3.200 homens: uma força quase 30 vezes superior ao contingente do Forte de Coimbra, naquela data.
Parte da esquadra paraguaia que atacou o Forte de Coimbra.: Montagem: Luiz Eduardo Silva Parreira. |
Figuras mostrando exemplo das unidades do exército paraguaio que atacou o Forte de Coimbra. Montagem: Luiz Eduardo Silva Parreira. |
Mesmo diante do que via, Portocarrero respondeu que o Forte de Coimbra não se renderia. Sua conquista seria pela sorte das armas!
"Somente pela sorte e honra das armas entregaremos o Forte".
Parte da mensagem enviada pelo Tenente-Coronel Hermenegildo Portocarrero ao comandante paraguaio.
Foto: Luiz Eduardo Silva Parreira.
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Pouco depois, uma chuva de balas de canhão caiu sobre o Forte. Em seguida, 700 infantes paraguaios avançaram contra as muralhas de Coimbra, sendo barrados pelas balas dos fuzis e baionetas brasileiras, sob o comando do Tenente João de Oliveira Mello.
Esquema de ataque das forças invasoras paraguaias de 1864, contra o Forte de Coimbra. Montagem: Luiz Eduardo Silva Parreira. |
Concomitantemente, Portocarrero e o Capitão Benedito Jorge de Faria, Comandante do Forte, lideravam o contra-ataque artilheiro, evitando que mais tropas paraguaias pudessem chegar perto das muralhas e dando cobertura às investidas da canhoneira Anhambaí, da Marinha, contra outros pontos de fogo guarani. A Anhambaí era comandada pelo bravo e destemido Tenente Balduíno José Ferreira de Aguiar, da Marinha do Brasil.
Personagens brasileiros da resistência do Forte de Coimbra. Montagem: Luiz Eduardo Silva Parreira. |
O dia 27 foi marcado pela bravura dos dois exércitos contendores. A despeito da diferença de forças, os brasileiros impediram que os paraguaios tomassem o Forte de Coimbra, ao preço de quase toda sua munição de fuzil, que foi reposta pelas mulheres, que confeccionaram mais 6.000 cartuchos, durante a noite, com o tecido de seus vestidos, para a resistência no dia seguinte!
Local do Forte de Coimbra onde os paraguaios dirigiram o grosso de seu ataque por terra. Montagem: Luiz Eduardo Silva Parreira. |
No dia 28, os paraguaios voltam a atacar e aos poucos conseguem ir galgando a parte mais baixa da muralha, usando os corpos de seus companheiros mortos como apoio.
À tarde, por volta das quatorze horas, quando o assalto parecia iminente, a Imagem de Nossa Senhora do Carmo surge, por sobre as muralhas, nos braços do Soldado Verdeixas que grita: Viva Nossa Senhora do Carmo! E todos os combatentes – brasileiros e paraguaios – respondem: Viva! Interrompe-se o combate! Por um momento, os dois povos voltam a ser irmãos em Cristo pela intercessão de sua Mãe, a Virgem Maria, ali invocada sob o título de Nossa Senhora do Carmo!
A imagem de Nossa Senhora do Carmo por cima das muralhas! Um texto mais detalhado sobre esse ocorrido pode ser lido no nosso blog: link Montagem: Luiz Eduardo Silva Parreira. |
Quando o combate reinicia, já a fúria do atacante havia sido acalmada. Chegada a noite, cessa o ataque daquele dia.
Portocarrero reúne os Oficiais em Conselho de Guerra. Por falta de munição de fuzil, que se acabara, decidem deixar o Forte de Coimbra: a resistência seria inútil e a tropa defensora mais útil noutros momentos da guerra. Deixam o Forte às 23:00 horas, sem terem sido notados pelos paraguaios. Os detalhes da retirada pode ser lida no nosso blog aqui.
Imagem de Nossa Senhora do Carmo de Forte de Coimbra com a medalha entregue pelo Imperador Dom Pedro II aos defensores do ataque paraguaio de 1864. |
O navio brasileiro Anhambaí, que foi capturado pelos paraguaios e hoje exposto no Parque Nacional Navio Cué, no Paraguai. |
No dia 29, os soldados de Barrios tomam o Forte de Coimbra. Encontraram-no sem nenhum brasileiro!
Sentinela paraguaia no Forte de Coimbra, ocupado de 1864 até meados de 1868, quando o abandonou, destruído. Montagem: Luiz Eduardo Silva Parreira. |
Este foi o primeiro ato da Guerra do Paraguai.
150 anos depois, durante a transmissão da Missa do Galo no Vaticano, na noite do dia 24 de dezembro de 2014, o comentarista brasileiro citou, durante a Santa Missa, a passagem de Nossa Senhora do Carmo, que salvou a Guarnição de Coimbra, no dia 28 de dezembro de 1864! Um belo reconhecimento aos defensores do Forte de Coimbra, que ajudaram a escrever um dos mais heroicos episódios da nossa história, lamentavelmente, ainda, desconhecido da maioria dos sul-mato-grossenses, e que Roma anunciou ao mundo inteiro!
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Nos dias 16, 17 e 18 de outubro de 2014, a 18ª Brigada de Infantaria de Fronteira, sob o comando do General-de-Brigada Pedro Paulo de Mello BRAGA, com o apoio do Comando Militar do Oeste, promoveu nas instalações do Forte de Coimbra a Jornada Cultural do Sesquicentenário do ataque paraguaio ao Forte de Coimbra.
Palestra sobre os 150 anos do ataque paraguaio contra o Forte de Coimbra, ministrada por Luiz Eduardo Silva Parreira. |
A ideia do encontro, que reuniu pesquisadores, historiadores e militares, foi levantar alguns dados sobre o ataque ocorrido no final de 1864, como a rota utilizada para se chegar ao forte, locais de desembarque, posições de tiro, rota de saída, dentre outros.
Para isso, a equipe se deslocou por entre as escarpas do morro do Forte de Coimbra, pelo interior do Forte de Coimbra e navegação para se ver os pontos chaves do ataque, pela visão paraguaia (vindos da vazante do rio Paraguai).
Luiz Eduardo Silva Parreira, na lancha Taquari, explicando como foi o deslocamento fluvial da esquadra guarani, em 1864. |
Também uma equipe do programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, foi à Jornada. Estavam coletando dados para a elaboração de um documentário sobre os 150 anos da Guerra do Paraguai. Com locações no Rio de Janeiro, Assunção e outros sítios históricos, não perderam a oportunidade de filmarem no primeiro palco das hostilidades daquele conflito.
O excelente resultado pode ser conferido pelo link abaixo, no qual o ataque de 1864 é detalhado por Luiz Eduardo Silva Parreira.
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Caro amigo leitor, caso tenhas alguma foto ou história sobre o Forte de Coimbra; ou, então reconheça alguém numa fotografia, até mesmo se acreditar que há algum dado que deva ser corrigido, por favor, nos contate! Escreva-nos e cite este update para que possamos manter viva a história contemporânea do Forte de Coimbra.
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